No país em que o sumo, o extrato do consumo de conteúdo está diretamente ligado à brincadeiras, e besteiróis inúteis ligados seriamente ao debate político, infelizmente, tivemos um desastre dentre os cenários possíveis. 

Começamos com um besteirol veladamente reacionário, que ganhou notoriedade na TV brasileira aos domingos. O programa Pânico na TV, dotado de piadas de mal gosto, que copiava os estrangeiros do Jackass mesclando peculiaridades brasileiras, fez a cabeça de jovens, e foram importantíssimos na popularização da figura de Jair Bolsonaro à nível nacional: fizeram essa figura entrar nos lares, fazendo graça com sua estupidez, amaciando nas cabeças e nas famílias, a impactante truculência, pela Câmara Federal, que destoava da boa política.


O Mito, lançado pelo Pânico na TV, que ganhou popularidade e aceitação, pois, faziam jovens martelarem aquela musiquinha com ar militar (Mito, mitotô...), o dia inteiro, relembrando suas degradantes piadas e perfil, era o meme da televisão brasileira, até tomar a internet. 

Em determinado momento, o brasil se transformou no país dos memes, empregados indistintamente, o faziam, e fazem, em discussões sérias, desqualificando o bom debate, o bom argumento, banalizando um espaço importantíssimo (as redes sociais), e as discussões mais sérias, que não apenas desqualificam pessoas, mas, em um movimento bestial, tanto a fala quanto a linguagem de quem só consegue apreender conteúdo através dessa ferramenta, que incapacita e vicia, e faz a mente a falar apenas por intermédio de imagens frívolas.

Não estou aqui desqualificando os memes e seus criadores, longe disso! É evidente que eles têm o seu lugar, devem ser preservados, afinal, são também expressões artísticas populares. Mas, Junto a eles, temos as expressões intrinsecamente ligadas às imagens, na internet, e hoje trago uma, objeto desse texto.


Lacração. Com um vocabulário próprio, o guiado por memes,  aquele que norteia seu saber por essa via, já com a mente engessada, olha para o bom argumento com desdém, pois, o enquadramento de sua visão, casado à sua estética de entrada para argumentos, e posicionamentos políticos e sociais, não os permitem levar a serio alguém que traz um bom texto, ou comentário, nas redes, que seja lúcido, lógico, e coerente. Quem olha para bons argumentos como mera lacração, pode injustamente nivelar por baixo uma boa leitura de mundo, política, social, e assim, ficar no escuro, pois, os memes também são verbais.

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