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Mostrando postagens de setembro, 2016

Gýro

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Eu fui remando num barco pequeno. É pequeno, é barco, é remo. Num barco profundo e extremo, é aplicada a força que entorta o remo. Repetindo palavras em voltas prolixas, o barco se distancia, o barco some. É levado dançante pelas ondas, é levado como amante, pelo amor. E aí, é chegada a hora de perder-se. É a hora do amor que consome. Perdido, se desfez a rima, e ainda no barco cansado de remar, agora as ondas não mais cristalinas são. A água salgada, a boca toca. Os braços já fracos e sem esperança, não há mais dança, não há mais lembranças, apenas alvoroço, apenas um choro: são lágrimas celestes, chuva que desce. O remo escorrega, a força se dissipa. remando pra onde? tem infinito, tem infinito!  Quanto mais remo eu canto.  Tem riso, e me guia o acalento do vento eterno. Eu não vejo mais terra. Não vejo pra onde, e não sei quem me espera. Mas alguém me espera em algum lugar, no mar. Estou indo, aguarde! Chego em instantes. Estou indo sem pressa.