A longeva crise da mídia brasileira





Não se trata de um texto acusatório, ressentido e revanchista. Em suma, é preciso ter tranquilidade quando em algum momento de sua história, ou de outra história em que você estiver inserido, o mundo te cobrar uma posição mais contundente a respeito dos fatos. Mesmo que você não ache que sua opinião tenha relevância, uma vez expressada, ela encontrará força quando convergir com vozes e posicionamentos semelhantes, e em questão de dias, semanas, meses ou anos, esse pensamento será encorpado e ganhará força suficiente para mudar os rumos políticos de uma cidade, de um país.  

A opinião pública, lapidada, polida e justificada, pelos meios de comunicação, ou pelas elites culturais de um estado, ganha força avassaladora quando em um momento ímpar da história de uma sociedade, é divulgada exaustivamente pelos veículos de comunicação de massa, com o intuído de, que, a cada momento, a manipulação da informação seja noticiada semana a semana, como fluidez natural de fatos. Neste momento, a massa não mais é capaz de identificar o que é verdade, o que é manipulação, por que a revolta já será tão latente, que em bloco estarão nas ruas, cumprindo com seu dever. Então, cidadão, quando a sociedade cobrar de você posicionamento a respeito dos fatos, certamente, parte dela, já lhe indicará o exato posicionamento que deverá adotar. Aliás, você já saberá o que deve defender. Alguns desses meios de comunicação, há semanas, estarão disseminando ideias que lhe sugere o que é, ético, verdadeiro, moral, necessário, e valoroso para uma sociedade que encontrou o limite de um ciclo determinado por eles, é óbvio.

Contudo, não devemos menosprezar, a boa intenção e a capacidade de leitura de mundo e conjuntura política de nossos jornalistas e de nossa mídia, além das densas investigações jornalísticas que fazem, para expor à sociedade o lado sombrio de tudo que envolve o estado. Nem sempre o que é noticiado e publicado massivamente é para manipular. Arrisco em dizer, que boa parte desses jornalistas tem uma visão bem flexível de mundo, que permitem noticiar e defender pontos de vista sem as paixões da tradição conservadora de nossa sociedade (por mais que sejam adeptos) ou dos deuses que aprenderam a cultuar na intimidade de seu lar.

Me vejo nesse texto fazendo uma defesa da classe jornalística, e, ao mesmo tempo, admitindo que é preciso fazer uma crítica da postura que alguns veículos de comunicação adotaram durante anos. Essa crítica, mais do que nunca, tem que ser transmitida à sociedade, e esses grandiosos veículos têm o dever de reconhecer danos criminosos causados à democracia brasileira.

Não há democracia sem mídia. A mídia tem um papel importantíssimo na formação de opinião, e em nossas lutas sociais. É através dela que vem à luz o que estava em oculto, é através dela que temos a oportunidade de encontrar informações que jamais saberíamos. É através dela que podemos confrontar opiniões, e pôr a prova o que defendemos.
Não sou ainda um especialista em mídia e comunicação nas democracias, minha leitura não me permite. Mas, me permite falar com segurança olhando por outra perspectiva os fatos que envolvem meios de comunicação e conjunturas políticas. A Rede Globo teve algumas oportunidades de se tornar uma das instituições mais respeitadas e confiáveis da democracia brasileira.

A Rede Globo fez opção escancarada de promover uma região do país, uma classe social, uma classe política (a dos magnatas), produziu e promoveu seus próprios heróis e reis; da música, do esporte, das telas. Ela apontou nossos reis e rainhas, dentre outras coisas, com respaldo cultural, financeiro, e político, da ditadura.

Agora quando de fato é preciso informar, e mostrar para a população de forma sensata, republicana, e democrática, matérias e editoriais que influenciem a população de forma positiva, sem observar uma agenda particular, é olhada com desprezo, desconfiança, nojo, porque não há mais credibilidade por boa parte do povo brasileiro. A esquerda fala mal da Globo, e traz à tona evidências de um jornalismo tendencioso e manipulador. A nova direita, como nunca, também faz contraponto ferrenho à Rede Globo. E a Rede Globo amarga agora amarga um mal momento por causa de todo desserviço que já causou aos brasileiros.

Para piorar, outras emissoras caminham na mesma direção, na mesma prática que outrora a Globo desempenhava. Não são diferentes. Produzem um jornalismo enviesado, buscando doutrinar a população, politicamente e moralmente. Mas esqueceram que nada é para sempre, e logo menos, a mesa virará radicalmente. Em benefício de quem, não sabemos, mas, tomara que seja em benefício completo do povo brasileiro.
Contudo, penso que indispensavelmente, o jornalismo de boa parte dos veículos de comunicação deve ser ouvido, lido, e após a crítica, julgados. Temos sim que pôr à prova nosso ponto de vista. Não podemos alimentar nossas paixões tendo como alimento qualquer informação. Não podemos agora, com essa leva de arautos da verdade que encontramos na INTERNET, praticantes de um maniqueísmo político/religioso desqualificado, tornarmos parte da geração mais fútil, desinformada, e imbecil, de 1990 para cá. Sendo assim, na minha opinião, a escabrosa chamada fake news, tem mais a ver com um problema epistemológico - causado por parte pela própria mídia - do que de desinformação, propriamente dita.

(Sobre fake News, posso detalhar esse meu pensamento, em outro momento)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tecnologia e volatilidade. Um mundo aparentemente sem base, que nos obriga a descartar um dia que jamais existiu. E, pasmem. Isso dói.

A juventude brasileira tem todos os direitos que você possa imaginar!

O Crápula da ideologia de Quinta