Mãos amigas, perderam o decoro.




Desde a segunda guerra mundial até aqui, no mundo inteiro, considero que a maior luta que tivemos, além das guerras tramadas visando a supremacia econômica, foi a luta pela erradicação do pensamento fascista. E se deu não apenas contra um sistema ou um pensamento institucionalizado, mas, a maior luta/guerra, foi e tem sido contra a semente plantada na cabeça de cada um.
Não serei aqui arbitrário e afirmarei que em sua totalidade o pensamento político que têm o preconceito e autoritarismo como braço forte, tronco que alimenta os ramos de sua política (direitos civis), seja, no seco, o fascismo. Também não tenho acumulo para agora fazer a genealogia desse pensamento, não de forma convencional, mas, como julgo o mesmo ter ganhado projeção e corpo.
O pensamento autoritário é mais profundo e temos ideia disso, quando olhamos criticamente para a idade média, quando olhamos para alguns estados que têm a religião muçulmana como diretriz, quando olhamos para práticas de grupos cristãos como o ku klux klan (formado por protestantes norte americanos), e quando chega a consciência de que nossa formação, nossos princípios seguem o modelo cristão ocidental não por termos feito essa escolha, mas, por ter sido o pensamento que ganhou a força sob derramamento de sangue e ditou a hegemonia cultural ocidental, usando a fé, o Deus como estandarte legítimo desses valores. 
Os iluminados da moral, responsáveis pela deliberação moral religiosa estendida a cristãos ou não, e por imposição, responsáveis também pela interpretação bíblica, arbitrariamente, durante séculos, através da imputação da culpa e enraizamento do pecado em nós, violentamente, exercendo o pecado como direito, enquadraram nossa consciência criando através do medo, condições para a garantia dessa moral que faz parte de nós, hoje. 
Dentro disso, fugas de pensamentos aconteceram, e a resistência à essa moral que se impunha de forma assustadora foi notada e combatida severamente. Sob pena de forca, espada e chumbo, pessoas subverteram o estado de espírito imposto para as ciências, para a religião, política, moral, e a partir de então, junto ao enfraquecimento dessa hegemonia, novas vertentes políticas foram surgindo, novos valores foram assimilados, novas políticas foram praticadas, e para cada tempo, o pensamento Cristão foi se moldando, se modernizando, e fazendo manutenção de sua influência para que não perdesse o posto de dominação. 
Sabemos o que aconteceu até aqui (aliás, alguns sabem). De um grande salto na história, da idade média até a segunda guerra mundial, nos deparamos com uma situação semelhante às avessas. E a imposição de um pensamento moral, político ou religioso, como modelo a ser vivido por uma nação, por muitos mal intencionados, ou não, nunca deixou de ser motivo para tamanha violência, e separação dos povos. 
O Pensamento fascista ganha força em uma nação, quando ela passa por grande desmoralização política, quando passa pelo desencanto sepulcral, quando o povo sente revolta por ter tido um país saqueado, quando quem deveria fazer o seu dever de casa (as instituições políticas, partidos e etc) não fez, e caiu nas graças do mais do mesmo, e ainda por cima, em uma situação limite, não souberam aproveitar do grande e precioso momento de introduzir na sociedade, a necessária política de aceitação das diferenças religiosas, de gênero, de cor, e de classe.
Introduziram a necessária política de minorias em uma sociedade culturalmente fragilizada, extremamente religiosa, afetada por uma cultura preconceituosa que é milenar, e temos esses valores enraizados. Fala-se em desconstrução. Os mais descolados acham bonito um jovem dizer que está sendo desconstruído. O PT pôs a política de minorias e de assistência aos mais pobres debaixo do braço, e pregou por anos que ser um jovem em processo de desconstrução ideológica é bonito e benéfico à sociedade, mas fizeram de forma truculenta, impositiva, violenta aos mais bitolados na fé cristã, aos mais velhos, sem o mínimo de cuidado com o que poderia acontecer depois. 
Muitos se sentiram afrontados, reagiram, e NESTE MOMENTO, motivados por um formador de opinião de discurso populista, violento, e também afrontado pela necessária política liberal de garantia de direitos civis a todos, PERDERAM O DECORO, perderam o respeito às regras de convivência, sintetizando em vias de fato todo o seu preconceito e o que rejeitam. Reafirmaram a existência de escórias, passaram novamente a reprimir em nome de Jesus, sacudidos por seus líderes que encontraram um estandarte e porta voz dos seus preconceitos.
Não acho que os brasileiros em sí tenham culpa de tudo isso, mas acredito que há sim, nos dois extremos, pessoas más, líderes mal intencionados, que reprimem por maldade, que incentivam o egoísmo entre irmãos de congregação, que negam vorazmente a cortesia entre os diferentes irmãos de pátria, negam a boa convivência e o respeito em nome da hegemonia moral que desejam, por que acham o certo. Assim, produziram o fim da boa relação que havia entre as famílias em nome da preservação das mesmas, viabilizaram a quebra do respeito que havia entre vizinhos, entre colegas de sala de aula e de classes sociais, não pela política ou pelas eleições gerais, mas, pela negação do direito que o outro têm de ser o que lhe apraz, com respeito e igualdade.

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