Gýro



Eu fui remando num barco pequeno.

É pequeno, é barco, é remo.

Num barco profundo e extremo, é

aplicada a força que entorta o remo.


Repetindo palavras em voltas prolixas, o barco se distancia, o barco some. É levado dançante pelas ondas, é levado como amante, pelo amor. E aí, é chegada a hora de perder-se. É a hora do amor que consome.


Perdido, se desfez a rima, e ainda no barco cansado de remar, agora as ondas não mais cristalinas são. A água salgada, a boca toca.


Os braços já fracos e sem esperança, não há mais dança, não há mais lembranças, apenas alvoroço, apenas um choro: são lágrimas celestes, chuva que desce.


O remo escorrega, a força se dissipa.

remando pra onde? tem infinito, tem infinito! 

Quanto mais remo eu canto. 

Tem riso, e me guia o acalento do vento eterno.


Eu não vejo mais terra.

Não vejo pra onde, e não sei quem me espera. Mas alguém me espera

em algum lugar, no mar.

Estou indo, aguarde!

Chego em instantes.

Estou indo sem pressa.

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