A dor, se for...








É de imaginar um dia bom, é de absorver do fundo do cérebro  as realidades que ainda não vivemos, e feito retalho, costurar cada uma no agora, conscientes que necessariamente essas coisas precisam acontecer. Precisa acontecer? sim. Precisa acontecer, talvez. 
Hoje de manhã eu me enrolei nos raios de luz que adentram uma área de cobertura mal feita e gradeada, em minha casa. 
Hoje de manhã eu ouvi os pássaros em um pé de romã que tem em meu quintal, viajei, fui longe, muito longe. Acordei dessa viagem de cinco segundos, deitado na rede e envolvido como um cobertor, pelos raios de luz. Acordei com um pontinho gelado no meu pé, foi a Jade querendo me alertar, e me tirar daquela viagem colorida. Ela deve ter olhado em meu rosto e ter notado que um sorriso insistia em aparecer em um dos cantos de minha boca... Mas eu acordei.
A Jade é marrom. Ela me ama incondicionalmente. Ela me chama, e morre de alegria quando eu chego do trabalho, ou da faculdade. A jade é desafinada, e se enrola toda quando quer cantar uma musica pra mim, mas eu consigo ouvir o tom do seu amor em seu grunhido doce, seguido de um latido forte.
Eu vi a manhã de hoje como esses filtros de fotos de redes sociais. Eu vi uma manhã esmaecida, mas, tinha cor. Mercúrio, mas bem claro. tinha também outras cores que saíam do meu coração, e de repente eu já estava em um conto em que eu era o único participante. Um monólogo. Um monólogo colorido, denso, ao som dos pássaros... Eu também ouvia o rabo da jade freneticamente, de um lado para o outro, cortando o vento.
Senti um gosto de café na boca. Lembrei de várias experiencias, e notei que é preciso mais vida para que as experiencias façam sentido. É preciso viver mais. E se em um momento eu tiver a oportunidade de viver novamente o que eu não soube viver, se eu for agraciado com um encontro em um dos becos sem saída no labirinto de minha vida, esse beco premiado em que eu estiver, será iluminado pelas cores do meu coração, e eu acharei a saída, porque nos labirintos vitais, encontramos saídas quando tiramos a teia de aranha dos olhos, e deixamos a luz que está no coração iluminar.
Olhando para as romãs, tem poeira no ar, vejo as partículas. vejo pássaros. E o canto deles são agora partículas átonas, a cor que outrora eu via não há mais. Apenas os raios de luz me envolvem feito um cobertor. Uma manhã. Tudo normal. Vejo coisas demais, tudo e todo fora da realidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tecnologia e volatilidade. Um mundo aparentemente sem base, que nos obriga a descartar um dia que jamais existiu. E, pasmem. Isso dói.

A juventude brasileira tem todos os direitos que você possa imaginar!

O Crápula da ideologia de Quinta