Discussões Psicológicas




Nada é tão original, quanto os acontecimentos de dentro de nossa cabeça. É aquele momento em que forjamos de forma doce, ou amarga. É qualquer momento, qualquer dia, qualquer hora, sobre qualquer mulher, qualquer ser, ou acontecimento. Não há limites, não há culpa, não há dolo, e muito menos consequências. As nossas brigas imaginárias são as melhores, são ferrenhas, bem disputadas ou não, e por vezes, os que estiveram  nelas, imaginaram, sem dúvidas; que nós fizemos em algum momento, um bom curso de retórica.
Damos o play, começa-se o blá blá blá psicológico. O outro, falou algo que agrediu demais... (cara de desprazer) subitamente o interrompo, começo minha fala de forma agressiva... ( não é o melhor caminho. Mais plasticidade nessa resposta!) Acho que não gostei desse começo. Aperto o "rew", e volto tranquilamente à minha discussão.
Posso também, me transportar à outro momento ou discussão que tenha acontecido de verdade, mas que por uma fatalidade, eu não tive sucesso. E para consolar-me, reinventar o momento vivido, dar um outro fim, é claro, bem favorável à mim. Ou no mínimo mais justo, já que preferi reviver um momento, em que eu queria usar de união, estratégia, política, e justiça; não para todos, mas, bem restrita à um grupo.

Estava sol, mas havia chovido. Eu voltei bem tranquilo, mas nada de bom havia acontecido. Fui solicitado, e como sempre, bem disposto em atender, era briga grande, e eu tinha minha responsabilidade em intervir e engrossar o caldo da discussão. Foi injusto o fim, sim. Injusto fim. Mas isso pouco importava, para nós que tínhamos a faca e o queijo dos argumentos, é fácil argumentar quando se tem a mente limpa. Mas esquecemos que não vivemos em um Reality Show, e que nem todos vêem nossos atos 24hrs por dia, e por isso não entenderão nossos atos, e que para provar a verdade, e ganhar uma discussão de quem coage, de forma covarde, é preciso ter muito mais do que meros argumentos. 
Para ganhar essa guerra, hoje sei que não era suficiente: jogo de nervos, ameaças, ou de estratégias, era preciso perceber de onde tinha surgido o problema, era preciso ter eliminado LOGO, mas,  logo nos perdemos na confiança em quem não deveríamos ter confiado. O primeiro problema foi eliminado ontem, e o segundo, já tem fim traçado.

Mas, naquele dia de sol, eu engolia à seco. Naquela torrente de acontecimentos, na arrebentação dos desfechos, não tinha espaçamento para tomar o fôlego, chance alguma de estabilidade tudo era turvo e avassalador. Correnteza seca, de areia, de calor, de brasa, e quem quisesse, que se segurasse à outras mãos, com mãos de ferro, presas por solda, e enfrentasse tamanha batalha.

Se assim se fazem os acontecimentos do dia ou das vidas, melhor se sobressai quem em um grupo mais coeso está, e quem melhor se prepara. E porque não quem melhor coage? 
Não era a discussão apenas psicológica, com tom de um acontecimento verídico? Pouco importa! As figuras de linguagem retratam perfeitamente os minutos, as conjunturas vividas, e a retórica psicológica com que ganho todas as minhas discussões, na caixa dos meus pensamentos.  Virados e revirados os desfechos, nos deparamos com conjunturas improváveis, seja na minha caixa, ou na caixa alheia, mas antes, todas as discussões são psicológicas, não por serem abstratas, mas, por serem formadas em uma oficina escura, secreta, psíquica, de infindáveis ferramentas, em uma oficina sem escrúpulos e que usam de escrúpulos, se conveniente.


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